domingo, 31 de maio de 2009

Memórias de um sobrevivente.

"Personagens do meu livro de memórias, que um dia rasguei do meu cartaz, entre todas as novelas e romances, de você me lembro mais..."
John Lennon E Paul Mc Cartney
Lembranças.
Posso dizer que as lembranças tem um peso considerável, principalmente na minha vida.
De qualquer forma, o presente é feito de passado, e um dia presente e passado serão a mesma coisa, e o que interliga tudo isso é a lembrança.
Lembrança do que fui, do que tive, de quem tive.
Algumas coisas, pessoas, conceitos e modos de agir ainda me acompanham até agora e talvez me acompanhem em grande parte do futuro, que também será passado um dia, mas uma grande parte da bagagem já ficou lá atrás, ou caminha agora com outros motoristas.
O que passou, não necessariamente passou.
Muita coisa, muita gente ainda está aqui, em pensamentos, em formas inconscientes de ser.
Acredito que nenhuma relação seja totalmente desprezível. De todas elas se tira um pouco, ou muito, ou tudo.
Relações deixam frutos, recordações.
Costumo analizar cada parte do que já vivi como uma maneira única de aprendizado.
Há algum tempo eu não me permitiria pensar em antigos amigos com a certeza de que eles foram amigos, mesmo tendo deixado de ser.
Nada deixa de ser real por ser efêmero.
A vida é efêmera e no entanto é a coisa mais real de que se tem conhecimento.
Cada passageiro do meu ônibus (que costumo chamar de vida) deixou sua marca, sempre positiva. Nada é unicamente negativo, tudo tem sua face construtiva.
Do que foi ruim se tira a experiência de que, quando algo começa mal, dificilmente termina bem. Acredite : se é pra começar uma relação, seja de amizade ou amor, nunca deixe nada passar sem explicação, nunca ache que isso não contribuirá em nada. Cada fato, mesmo que isolado, tem um grande peso e pode ser crucial para o fim antecipado ou indesejado. Tudo tem que ter seus porquês, quandos e comos. Tudo importa. Absolutamente tudo.
Esqueçamos o ruim, ou a parte ruim do bom.
Do que foi bom, se tira a certeza de que na vida há caminhos que levam a felicidade, e caminhos que não levam à ela. E que na maioria das vezes, nós somos os únicos a quem essa escolha diz respeito. Ninguém tem o poder de decidir sobre a nossa felicidade, afinal, isso é uma coisa que vem de dentro e aflora, sem nenhum estímulo externo, pelo menos nenhum que seja decisivo.
Mas o que é bom também acaba. A totalidade dos acontecimentos dura apenas o suficiente para que aprendamos a absorver a melhor fatia do bolo.
Sempre é bom aprender, seja com o melhor, seja com o que não é tão bom assim.
Na verdade o que importa não é a complexidade ou durabilidade das coisas, mas sim a nossa capacidade de tirar o melhor, de onde ninguém seja capaz de imaginar.
O que realmente importa não é conservar a todo custo a velha plantação. Aprender a plantar já é suficientemente eficaz.