quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Distress

Nó na garganta.
Talvez essa sensação tenha se tornado comum com o passar dos tempos, talvez vá passar quando eu não conseguir, novamente, segurar as lágrimas que encherão meus olhos logo mais.
Quem sabe não exista realmente um nó aqui, pode ser que ele tenha sido desfeito pelas circunstâncias.
Mas hoje acordei querendo falar sobre coisas duras e dificeis, querendo fazer alguns pedidos à pessoas que ainda valem a pena.
Não tenho dormido muito bem há dias, meus olhos já apresentam um tom meio escuro que não tinham antes e que sempre achei charmoso nos outros. Em mim está parecendo uma cicatriz, mais uma.
Ao invés de dormir, tenho lido sobre amores felizes, tenho visto borboletas passarem contentes e luas cada vez mais lindas surgirem no céu. Tenho ouvido musicas e visto pessoas e dito mais coisas do que deveria.
E tenho sentido uma enorme angustia.
Angustia por perceber que as coisas que eu escrevo nunca tem destinatário certo, nunca chegarão aos corações que necessito tocar, nunca serão lembradas quando os ventos do tempo passarem.
Angustia profunda ao ver que meu sorriso desbotou, meus cabelos ressecaram e meu olhar morreu. Eu rezei a Deus, todos os dias, que meu olhar não morresse.
Sinto um aperto forte quando lembro do menino que eu era, aquele que todos achavam feliz, carismático. Aquele que dava bom dia, que sorria largo e brincava de pique-esconde aos 19 anos...
Me perdi de mim, aos poucos.
E não tem volta.
E eu, que tanto defendi o amor, suplico que ele nunca mais me apareça.
Que não me traga flores na primavera, que não me aborreça com seu cheiro de manhã e não me engane com suas promessas de que tudo vai terminar bem, porque não vai.
Que ele não me apareça domingo a tarde querendo dividir um chá e muito menos na segunda me deixando contente pra, depois, cortar as asas que me deu e me ver cair ao chão, despedaçado.
Que ele não me prometa sorrisos, não me desperte prazeres e não olhe nos meus olhos.
Porque meus olhos morreram.
Eu suplico ao amor que passe rápido, que não me chame atenção e que me deixe em paz.
Porque eu não aguento mais pensar em sentar na praia de mãos dadas, ir ao cinema ver uma comedia romantica, tomar fanta uva sentado na pracinha pacata, tomar banho de chuva, comer fruta do pé.
Não suporto a idéia de ser feliz pra sempre.
Porque eu não serei feliz.
Não mais.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

O sonho.

Eu sonhei que era feliz.
Feliz de um jeito diferente, quase pleno.
Uma borboleta pousou, e voou.
E pareceu pedir pra seguí-la.

Não sei quanto tempo durou
Não sei se foi sonho, sonhado
Mas ela veio e pousou
E me pediu pra segui-la.
E eu corri, fui atrás
E um belo tempo, acordei.

Eu tive um sonho feliz.
E quando acordei, doeu.



domingo, 11 de setembro de 2011

Poema de Fases.

Se me deito ao som do fim
Em lugar algum, no nada
Percebo passar por mim
A sisuda madrugada
Levando o sabor do sim
Deixando a boca salgada

E eu, que brilho não tenho
Nem cor, nem viço, nem alma
Perdi o desejo ferrenho
Pousei no colo da calma
Descolori o desenho
Tirei os sonhos da palma

E agora me faço risco
Singelo, sem ser notado
Às vezes surjo, arisco
N'um canto ermo, isolado
Vou fingindo que é um cisco
O olho lacrimejado

Então vem a febre, e cresce
O rosto avermelha morno
A lágrima transborda, desce
É a dor que tece o contorno
Não grito mais minha prece
Pro sol já paguei suborno

Depois o silêncio aflora
Preenchendo meu vazio
O tempo que voa agora
Tão cheio, causa arrepio
É a vida que vai embora
Rompendo o último fio

O medo me torna abrigo
O coração, a bater
Meu pensamento contigo
Suplica não te esquecer
E é desse jeito que eu sigo...

Minguando, até morrer.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Triste fim d'um jardim florido.



Na primeira vez em que a vi era dezembro, ela usava um vestido grená; saía da igreja carregando meia dúzia de lírios, acompanhada por sua irmã mais velha. Ela tinha um brilho nos olhos diferente de todos os outros brilhos que eu já vira.
Ao passar por mim instantaneamente percebeu meu olhar furtivo, hipnotizado por aquela beleza exótica, aqueles cachos que pareciam deitar-se ao chão e saltar ao céu.
Seu sorriso desabrochou e eu avermelhei.
Foi o começo de tudo.
Todas as manhãs, a partir daquele dia, ficava eu de espreita, esperando que ela colhesse rapidamente os lírios do canteiro a fim de decorar a igreja para as celebrações do fim do ano. E ela, raio de sol que era, não economizava sorrisos nem olhares. Nem brilho.
Era intenso sentir o que vinha crescendo dentro de mim por alguém da qual nem a voz conhecia. Estranhava e tentava apagar da lembrança qualquer pensamento que me levasse a, mais uma vez, me apaixonar por alguém, visto que já sofrera bastante por uma gama de amores não correspondidos e fotos rasgadas no final da tarde.
O fato é que eu não conseguia levantar do banco da praça e simplesmente me retirar sem que antes ela saísse serelepe a me brindar com sua luz, sua alegria, sua paz que de alguma forma habitava em mim silenciosamente – e crescia.
E surpreendi-me quando, de repente, ela me apareceu com um sonho de padaria. Perguntou-me se, por favor, poderia ajudá-la a segurar o buquê que carregava para que ela pudesse comer o doce.
Prontamente tomei as flores para mim e a vi comer o sonho, e sonhei a cada gesto, a cada vez que ela arrumava o cabelo atrás da orelha ou limpava o canto da boca.
Em um instante uma mistura de sensações invadiu-me como um redemoinho devasta o deserto. Aquele cheiro que o vento trazia dos seus cabelos, o suave som de sua voz me agradecendo infinitas vezes por permitir que ela degustasse o seu sonho, enquanto eu sonhava o meu.

Agora nos conhecíamos.


Entre uma mordida e outra, descobri que seu nome era Alice, que tinha 19 anos e gostava de céu azul e cachoeira e água correndo sob os pés. Pude perceber o romantismo e a doçura de quem trabalha por horas retirando a beleza de um jardim e transferindo-a para si mesma.
Precisei que ela acenasse envergonhada na frente dos meus olhos para cair em mim e responder ao seu agradecimento seguido de despedida.
O prazer é todo meu. Foi tudo o que eu consegui dizer enquanto a via se afastar, arrumando cada pétala que eu, desajeitado que sou, tirei do lugar.
A semana brincou de passar correndo e alguns dias depois me vi ao lado de Alice, colhendo com ela as flores e imaginando-as como adereço para seus cachos dourados.Ela também se viu encantada por mim e começamos a comer os mesmos doces e ver juntos o sol se por. Éramos um par feliz e planejávamos coisas para dali a cinco minutos, ou cem anos.
Conforme o ano findava-se, nossa relação ganhava uma dimensão maior, e maior.
Ceamos um ao lado do outro na noite de Natal, e no reveillon ela sugeriu que ficássemos até mais tarde na praia depois dos quinze minutos de cores no horizonte até onde a vista alcançava.
Janeiro transcorreu preguiçoso e nossos laços se estreitaram de acordo com nossas descobertas mútuas. Entendi porque ela pinga duas gotas de leite no café preto, o motivo pelo qual batizou a tartaruga de estimação de Arara e o motivo pelo qual ela escolheu uma tartaruga como bicho de estimação. E fi-la ficar sabendo que cortei o joelho num arbusto de espinhos tentando fita-la por um ângulo melhor. Ela sorriu ao descobrir que sou de gêmeos e ouço Caetano e me presenteou com um livro que narrava as aventuras de uma mulher em busca do auto-conhecimento, viajando pela Índia, Indonésia e Itália.
Vivemos situações divertidas e outras nem tanto, como aquela vez em que derramei mostarda na calça, numa tentativa vã de deixar o sanduíche ao meu gosto, ou quando a avó dela morreu, em maio, e precisei por dias enxugar suas lágrimas e até mesmo no dia dos namorados, quando mandei um grupo de jovens acorda-la em casa com uma serenata romântica e ela não estava em casa, pois tivera que dormir com a irmã que havia acabado de dar a luz.
O tempo brindou-nos com alegrias mil, algumas tristezas e contratempos e uma dose bem generosa de amor. Amor por cada erro, cada defeito. Amor por completo, e por completarmos um ao outro.
Uma espécie de conto de fadas moderno, onde as mensagens de texto no celular supriam um pouco da saudade que batia quando eu viajava ou nos feriados nos quais ela visitava o avô.
E o tempo, o mesmo que nos juntou, decidiu que havia cansado de nós.
Minhas horas pareciam esmagadas entre o amanhecer e a chegada da lua, eu não conseguia mais conciliar viagens de trabalho, família, amigos, faculdade, aula de inglês, academia e amor. Tudo estava bagunçado, revirado, às avessas.
Pequei por me estressar demais e descarregar em Alice aquilo que não cabia em mim. Ela passou a ser uma espécie de muro das lamentações, ouvindo atenta cada reclamação minha, cada xingamento dirigido ao filho-da-mãe que me ultrapassou no trânsito.
Aquilo foi pesado demais para minha flor.
E, em setembro, o final do inverno parece ter congelado algo em mim.
Não quis mais que as flores brotassem na primavera e decidi destampar o ralo que fazia a água correr sob nossos pés.
Foi o final de tudo.
Deixei que Alice partisse com o olho marejado, mesmo que brilhando, e virei as costas para qualquer resquício de felicidade desfrutada, de calor no começo da manhã e beijos carinhosos de boa noite.
Pisoteei o jardim.
Jardim que ela chamava de coração.
Estações sucederam-se, pessoas apareceram e sumiram, sonhos se realizaram, outros se tornaram pesadelos.
E eu amarguei minha decisão por três longos anos.
Semana passada, lembrei de Alice.
Revirei meus armários tentando encontrar seu telefone ou seu novo endereço. Nada constava no meu amontoado de folhas secas e pó.
Viajei ontem até sua nova cidade e foi então que me dei conta do quão idiota fui.
Só ali fiquei certo de que a única coisa que aprendi com todas as minhas decepções amorosas foi a me comportar como todas aquelas pessoas que me feriram, a ser rude, insensível e cruel.
Lembrei das lágrimas que rolaram dos olhos de Alice por minha causa e doeu como uma punhalada no peito.
Recordei cada momento e revivi todas aquelas sensações maravilhosas proporcionadas por ela e engoli a seco.
Não me fiz perceber naquela multidão de pessoas; baixei a cabeça, dei meia volta e cada segundo de ternura vivido pareceu esvair-se de mim, e todos os pedaços do homem maravilhoso que Alice me fazia ser se transformaram em cacos de vidro, em pétalas amassadas. Eu tive convicção de que não a veria mais.
Na última vez em que a vi, ela usava um vestido branco; entrava na igreja com um buquê de lírios, acompanhada pelo seu pai. Tinha nos olhos aquele mesmo brilho, diferente de qualquer brilho que eu já tenha visto e mais intenso que qualquer estrela que um dia eu possa ver.
Estava linda, como sempre, e feliz.
Feliz por estar dando passos emocionados ao futuro, passos certos.
Radiante em sonhar com crianças correndo no jardim florido, com um banho demorado de cachoeira e com café quentinho pingado com duas gotas de leite todas as manhãs.
Estonteante em saber que teria ao seu lado alguém com quem poderia desabafar sem parecer um estorvo, um homem que a entendesse e que não descarregasse nela um punhado de energias negativas todas as vezes que se atrasasse para o futebol.
Ela estava definitivamente feliz.
E alguém a esperava no altar.
Alguém que não era eu.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Soneto Carnal.

Quando teu olhar pousou
N'aquela forma ardente
Deixou desejo latente
Os armários bagunçou

Tirou de mim o sossego
Fez ressurgir o fulgor
E esse teu esplendor
Trouxe a nós um aconchego

E os corpos que roçagavam
Os corações que pulsavam
Esperando pelo depois

Os beijos longos, o abraço
A falta de jeito, embaraço
Uniram em um, o nós dois.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Poema Crônico Número Um

Quando a dor me sucumbir
E de mim nada restar
Quando a chuva não cair
E a lágrima rolar
Quando a lástima existir
Ocupando o meu lugar...

Nada mais importará
O lembrado ou esquecido
E o tempo passará
Sufocando o meu gemido
Que jamais encontrará
A atenção do teu ouvido

E se Deus me permitir
Um desejo reclamar
Certamente irei pedir
P'ro acaso me levar
Sem que eu te veja partir
Planejando não voltar

Só então acabará
Meu caminho dolorido
E a tua alma terá
A paz que havia perdido
Meu inverno findará
Embora nem tenha chovido

E meu rosto vai sumir
Para muito além do mar
Meu silêncio te aturdir
Impedindo de chorar
Por ter feito destruir
O brilho do meu olhar

Meu caminho acabará
Meu mundo terá caido
A lembrança ficará
Do meu desejo perdido
Que deveras pesará
Por ter sido destruído

Quando o riso se esvair
E a saudade apertar
Temo n'alma refletir
Dolorosa e devagar
A angústia que é sentir
A amargura de amar.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

O brilho que não se apaga.

Em memória de Amy Jade Winehouse



O que, na vida, é mais difícil?
Passar todo o tempo fingindo ser uma coisa que não é, camuflando sentimentos, medindo rigorosamente cada passo dado ou entregar-se para aquilo que o coração mandar, seguir a própria vontade e arcar com as consequências de ser uma pessoa corajosa?
Pra falar a verdade eu não tenho propriedade pra dissertar ou defender teses sobre o que é fácil fazer.
Mas existem pessoas que nascem e nos ensinam absurdamente a ser quem somos.
Não que eu tenha sido um fanático por ela, nunca sequer fui a um show seu. Porém, é difícil saber de uma história sem trazer pra si o que de mais belo há nela.
Amy teve os sonhos mais absurdos, os desejos mais escuros e as experiências mais repudiáveis;
Foi odiada, apedrejada, perseguida, julgada. Condenada.
Sentiu o amargor da desilusão, aquele que no fundo todos nós sentimos e fingimos passar, mas que sempre machuca a cada feriado prolongado ou manhã chuvosa.
Amy fez muita coisa que eu nunca faria.
E mesmo assim, de alguma forma, me orgulho dela.
Porque ela amou, e se permitiu sentir as delicias e dores das suas escolhas.
Amy foi intensamente doce e maquiava os olhos pra disfarçar as lágrimas, mesmo naqueles olhos transparentes de se ver a alma.
Usou e abusou de artifícios, visando unicamente chamar atenção pra qualquer coisa que não fosse sua melancolia quase gritante.
Amy foi mais vítima que algoz.
E, todos aqueles que a maldisseram deviam, pelo menos, encarar seu bêbado, seu drogado interior. Aquele que grita para que façamos o que nos faz feliz e que deixamos de lado pra ouvir o bom senso.
Bom senso nem sempre é bom.

Hoje eu queria deixar o meu pesar diante da morte dessa estrela de voz marcante, letra original e melodia encantadora.
Cordeiro em pele de lobo.
Queria dizer que talvez, só talvez, se as pessoas a tivessem valorizado da forma que merecia, ela hoje estivesse bem, estivesse feliz.
Espero que onde quer que esteja, a paz habite em Amy Winehouse.

Porque, mesmo roubando copos de bebida, perdendo dentes, sendo fotografada em situações depreciáveis e envergonhando a "sociedade", ela teve a coragem de mostrar-se, deu a cara à tapa e superou muita gente "politicamente correta" que vive se anulando mundo afora.
Porque, mesmo adepta de hábitos não-saudáveis e auto-depreciativos, ela soube plantar coisas boas no coração de muitos.
Porque, mesmo sofrendo o que sofreu, ela nunca deixou de amar.
Porque ela sempre teve a ousadia de ser ela mesma.

Vai com Deus, Amy.


quinta-feira, 7 de julho de 2011

O tempo do amor.



Amor.
Cada vez mais parece clichê falar/escrever sobre o amor, e sobre as formas de senti-lo, mas é visivel que, dia após dia, a necessidade de sentir o amor aumenta, pelo menos para mim.
Eu sei que conselhos não são seguidos e que as próprias experiências regem o nosso comportamento, na maioria das vezes.
Porém é sempre válido usar aquilo de bom que há dentro de nós, pra quem sabe transmitir um pouco da enorme felicidade que o amor, em todas as suas formas, proporciona.
Então, ame.
Ame o nascer e o pôr-do-sol, porque um não existiria sem o outro; ame o cheiro do café, de manhã e ame cada bom dia que receber ao sair com cara de sono.
Ame o cantar dos pássaros e o barulho dos grilos, mesmo que não te deixem dormir. Ame o brilho das estrelas de tal forma a absorvê-lo nos olhos e inundar a alma.
Ame o próximo, como a ti mesmo, sem ter medo de parecer ridículo.
Ame a primavera-verão, e o outono-inverno. Ame a chuva e lave seus males nela.
E, voluntariamente, ame o que fizer. Suas obras te descrevem da mesma forma que um manual de instruções dita os usos e desusos de um aparelho de TV.
Ame a sua vizinha rabugenta e ria da forma desajeitada com que ela sacode a poeira sobre sua calçada.
Ame, por mais que a sua vontade seja sentir ódio.
E entenda que o ódio é uma das mais intensas formas de amor.
Ame seus amigos.
Deles depende um pedaço bem grande da sua felicidade.
Ame seu homem, sua mulher. Não importa.
Ame almas acima de corpos, e sorrisos acima de órgãos sexuais.
Mas não deixe a paixão de lado, porque é ela quem mantém o coração aquecido.
Expresse seu amor pela sua família. Seus pais, avós, filhos, netos.
Não se envergonhe de sua origem e não tenha medo de defender aqueles que estiveram ao seu lado quando você era indefeso e vulnerável.
Ame comer, viajar, dançar, cantar e ouvir músicas, ir ao teatro, estudar, olhar nos olhos, beijar na boca, fazer exercícios e olhar o mar.
Ame a Deus.
Nele está todo o resto do seu amor, e é Ele quem habita em todos e em tudo o que você ama.
E ame-se.
Ame-se como se você fosse viciado em si mesmo.
E nunca tente reabilitar-se desse vício, porque diante de tudo o que tem acontecido, fora e dentro de cada um de nós, é urgente que se reserve, a cada segundo de nossas vidas, um tempinho pro amor.

sábado, 11 de junho de 2011

Da minha mais nova primeira vez



Hoje senti um frio estranho na barriga.
Coisa de pré-adolescente que seria normal, se eu ainda fosse um garoto de treze anos.
Hoje foi a minha primeira vez em alguma coisa, e isso me trouxe recordações das minhas outras primeiras vezes.

Esqueci de como foi a primeira vez que eu falei. Eu devo ter dito proparoxítona ou paleolítico.
Da primeira vez em que andei, ganhei uma barra de chocolate, inteirinha pra mim.
Quando eu fui à escola pela primeira vez, chorei desenfreadamente para ficar na primeira fileira, comi o lanche antes do intervalo e não quis sair quando a aula terminou.

Decidi que a minha iniciação como ciclista seria definitivamente encerrada, visto que eu não pretendia encher as minhas pernas de cicatrizes.
E não fui eu quem escolheu a cicatriz que até hoje tenho na sobrancelha, fruto da primeira vez em que fui atropelado por um fusca amarelo.

E nenhuma primeira vez foi tão terrivel quanto aquela em que eu desci a correnteza, me segurando em pedras lisas e galhos secos e, como todos estão cansados de saber, desisti de ser o Cielo da temporada.

Quando me apaixonei pela primeira vez nem sequer soube que era paixão.
E depois, quando me apaixonei de novo (e de certa forma foi uma segunda primeira vez), vivi aquilo de uma forma tão intensa que ainda hoje sinto aquela força estranha no ar...
E da primeira vez em que eu descobri quem eu realmente era foi inevitável a lágrima.

Quando estreei minha vida de viajante, fiquei encantado com a paisagem, o vento, o sol batendo à janela do carro, pedindo passagem, e a calma de esperar que o tempo passasse frouxo.

E quando morei sozinho pela primeira vez, chorei semanas inteiras com saudades da minha casa, da minha família, dos meus amigos, e do meu eu antigo.

Quando chorei pela primeira vez, doeu.
E quando perdi minhas primeiras convicções, quase não suportei.

Inaugurei sorrisos, sonhos e roupas descoladas.
Inovei cortes de cabelo, capas de caderno.
Conheci lugares, pessoas, li livros.
Tudo pela primeira vez.

Mas nunca, nunca tinha passado pelo que passei hoje.

E não doeu, não arrancou nenhum pedaço (pelo menos aparente), não ralou, não queimou, não deixou marcas.

E eu ainda não acredito que o fiz.
Nunca havia antes, pulado um muro.




sexta-feira, 10 de junho de 2011

Sobre conversas fiadas, meias furadas e trident de canela.

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Não foi de repente.
Não posso dizer que acordei diferente, que os sinos tilintaram numa noite fria e eu simplesmente mudei.
Porque não foi assim.

Foram muitos dias de monólogos febris, travesseiros apertados contra o peito e lágrimas queimando o rosto.
Foram muitos nãos espremidos entre as terças e sextas-feiras intermináveis, e muitos talvez nos fins de semana.
Foram muitos abusos, e pouco sobrou.

Não foi por acaso que criei essa casca protetora, esse ar de quem sabe tudo (embora não saiba nem o que realmente sei), essa falta de modéstia em assumir maturidade, responsabilidade, calma.
Não foram em vão as súplicas de um-pouco-mais-de-atenção-e-carinho.
E não foi em vão o adeus.
Tudo valeu a pena e serviu pra que eu me tornasse o que sou.

Não foi fácil, mas ninguém disse que seria.

Hoje é simples abrir a janela e olhar o tempo, sem esperar muito dele.
Ou ir trabalhar de chinelo de dedo pra não usar aquela meia furada que incomoda o meu dedo do meio.
Hoje é assombrosamente mais simples dizer um sonoro não quando um vulcão por dentro entra em erupção querendo um sim.
É automático.
Um dia, tudo muda.

Posso passar horas a fio jogando conversa fora, sorrindo, ou simplesmente calado.
Posso assumir de quem eu gosto, quando gosto e depois desgostar, ao meu gosto.
Posso não querer receber visitas ou convidar mil pessoas pra comer uma pizza.

"Posso brincar de descobrir desenho em nuvens, posso contar meus pesadelos e até minhas coisas fúteis..."

Posso me permitir sentir saudade de quem eu amo (ou amava e passei a desamar) e nem por isso querer estar perto.
Sentir saudades, só por sentir.
Me permitir comer besteiras e, no outro dia, me culpar pelas 300 gramas a mais na balança, comprar trident de canela e falar, sem educação nenhuma, perto de quem odeia aquele cheiro que eu adoro.

Posso dizer eu te amo, sem me importar com quem esteja ouvindo isso.

Hoje eu aprendi que posso tudo, se fizer por merecer.

sábado, 21 de maio de 2011

Como o sol, para o verão.

A Rodolfo Izaguirre

Hoje poderia ser um dia comum.
Talvez não fosse, já que todos andam dizendo que será o ultimo dia da nossa "amada" Terra.
Mas não é por isso que, pra mim, hoje é um dia especial.
E direi porque, mais tarde.

Há algum tempo eu conheci um garoto.
Antipático, chato, orgulhoso, cheio de si.
Como, nesse mundo tão pequeno, poderia existir alguém com o nariz tão empinado quanto o dele?
Não entendo porque eu encontrei uma pessoa tão, tão, tão...parecida comigo!
Sim, foi amor à primeira vista.
Nos demos bem de cara, nos tornamos fiéis a uma amizade que nada e ninguém poderia destruir.
Nos tornamos rocha.

E enfrentamos gangues inteiras de noobs, e esnobamos muitos deles, e pisamos e rimos e fomos felizes enquanto durou, e seremos enquanto durar. Pra sempre, de preferência.

E, um belo dia, por sermos tão parecidamente orgulhosos, nos dispersamos no tempo, sem lenço e sem documento. Café sem leite. Amargo.
Como poderia a panela viver sem a tampa?
Como poderia um geminiano incompreendido não estar mais sempre junto com o outro.
21 sem 22.
Causa sem consequencia?
Como poderia?

Não poderia!

E o tempo, dessa vez, perdeu pra gente.
E rimos do tempo também.

E compartilhamos alegrias, e tristezas, e decepções.
E eu me orgulho sempre de ser uma das poucas pessoas pra quem ele se mostra como é, sensível, amável e extremamente dócil.
E depois, nos tornamos os mesmos enjoadinhos de sempre, menosprezando quem se meter a besta conosco.

E ainda estaremos mais perto, e andaremos por aí, porque ainda não criamos asas.

E é por isso que estou feliz hoje.
Porque ele está feliz, e porque eu o tenho comigo.

Como o sol para o verão.

Te amo, Rodox, Feliz Aniversário.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Entre o neon e o verde-água


À Amanda Stuckert

Ela estava ali, pronta pra ser decifrada.
No início tinha a doçura do mel, e eu me encantava todos os dias em admirar o seu olhar, mesmo naquela foto, com muito zoom, que tornava a sua aparência quase viva.
As fotos dela sempre falaram muito.
Logo que a cumprimentei, senti que ali havia mais do que uma brasiliense tímida, uma menina de sorriso largo...
E, nesse tempo, ela era um par, e tinha um par.
E eu sempre me perguntava porque ela, tão completa, precisava de um par.
Deixei as perguntas de lado e passei a aceitá-la, sendo dois.
E criei jogos que ela jogou.
E provas que ela decifrou.
E enigmas que ela revelou.
E criei um coração, que ela tomou pra ela.

Foi quando eu percebi que já começava a pensar nela de manhã cedo e corria pra conversar ou simplesmente para ler a conversa do dia anterior.
E ela continuava jogando meus jogos - e ganhando.

E passamos a nos enlaçar, nos contorcer, nos amassar e caber em nós mesmos, da nossa forma.
Fomos virando cúmplices, mostrando nosso amargor, nosso azedume.
E fomos a cada dia nos apaixonando mais pelas nossas semelhanças gritantes.
Ela já era uma só, e eu era totalmente ela.
E ela também queria ser eu.

Sem perceber, comecei a escovar meus dentes com escovas verde-cana, a gostar mais daquela minha camiseta verde-água, a usar no meu relógio o bracelete neon - verde!
Meu mundo ficou mais verde e preenchi um vazio grandão, com o doce azedume daquele sorriso.

Antes, Amanda.
Agora, Mandoquinha, Mandoca, amor.

A doce menina não jogava mais meu jogo, porque o jogo agora também era dela, e ela fazia muito mais sucesso que eu.
E sempre me deixava p da vida quando negava explicações daquela série meio confusa que só ela decifrava.
Decifrou-me, por inteiro.
E eu a decifro todo dia, com muito mais carinho.

E cada e-mail tem virado carta.
E cada sorriso tem sido maior.
E cada vez, o amor tem aumentado.

Porque, entre o neon e o verde-água existem infinitas tonalidades.
E o que é pra ser eterno, nunca se descolore.

Te amo, Amanda Stuckert

segunda-feira, 9 de maio de 2011

A arte de entender o que não se explica.



Certa vez, um homem jovem com uma criança no colo viajava ao meu lado.
Ele, o homem, aparentava não mais que trinta anos.
O outro, menino, não podia ter mais que quatro.
Seguíamos o trajeto calados, sérios.
Eu, lendo o meu Comer rezar amar, eles, dividindo uma cumplicidade monstruosa, trocando carinhos de pai e filho.
O tempo passava muito melhor pra ambos que pra mim.

Comecei, com um tempo, a perceber que o menino, a cada parada que o ônibus fazia pra embarque/desembarque/abastecimento, perguntava insistentemente se já tínhamos chegado à Acopiara (penúltima cidade antes do destino final).
De início achei uma chatice aquela criança perturbando o seu pobre pai que tentava dormir (e me fazendo perder a concentração no livro), sempre com a mesma frase: "É Acopiara, pai?" e a resposta sempre vinha com a mesma doçura: "Não, meu amor, ainda não"...
Depois, descobri que eles estavam indo encontrar a esposa/mãe, e então entendi a angústia e ansiedade pela chegada à tal cidadezinha.

Parada pro almoço:

"Pai, já é Acopiara?"
"Não, meu amor..."

Segunda cidade do roteiro:

"Pai, já é Acopiara?"
"Não, meu amor..."

Próxima (e próxima, e próxima):

"Pai, já é Acopiara?"
"Não, meu amor..."

Todos por perto já estavam rezando desesperadamente pra que chegasse logo o destino daquela aflita criança, que ela pudesse encontrar sua mãe e receber dela todo o carinho, tomar seu sorvete de cidade do interior, correr nas pracinhas de cidade do interior, ficar irritado com os infinitos apertos nas bochechas, vindos das amigas da sua avó, na cidade do interior.

E, enfim, aproximava-se.
O pai disse com um ar desinteressado: "Estamos chegando em Acopiara, macho."
E o menino sorria eufórico, pulando no colo do pai como quem queria pular a janela ali mesmo e abraçar aquele povo, e correr naquelas ruas, e agarrar qualquer pedaço do que fosse Acopiara.

E Acopiara chegou.
E eu esperei que eles seriam os primeiros a desembarcar, mas a velhinha da cadeira da frente desceu, os caras lá do fundo também.
A mulher antipática apressou-se.
O ônibus tornou a dar a marcha-ré e eles não desceram em Acopiara.

No resto do trajeto, o pai dormiu e o menino não perguntou mais nada.
Enquanto eu me perguntava porque eles não haviam descido e encontrado toda aquela felicidade e aconchego acopiarenses.
Chegamos no destino final.
E aí me veio a resposta do que me martelava a cabeça nos ultimos 50 minutos de viagem.
Lá, na rodoviária de Iguatu, estavam a mãe e a avó do menino, à sua espera.
E ele desceu correndo, rodopiando, gritando.
E foi abraçado, beijado, suspenso no ar.

E cheguei à minha conclusão: o frio na barriga do "estamos quase" é infinitamente melhor do que uma chegada sem espera.
O que faz de um encontro especial é a ansiedade incontida de que ele aconteça.
Iguatu era o sinal de que já haviamos chegado.
Acopiara era a imensa sensação de que faltava pouco.



quarta-feira, 4 de maio de 2011

Fênix ou De volta ao campo do sonho bom


Como depois de toda tempestade vem a calmaria, comigo não poderia ser diferente.
Calmaria chegou, abriu as janelas, deixou o ar entrar. Tirou todas os pacotes de comida em conserva que deixei sobre a mesinha do centro, limpou o pó do carpete.
Calmaria desligou a TV, colocou uma música (não me lembro muito bem se era um jazz ou uma lambada), sacudiu os quadris e foi fazer um café.
Eu não me lembro de ter a convidado pra passar uns dias comigo, mas a Calmaria tem alguma coisa daquela tia distante, que aparece sem ser convidada e enche a casa com sua voz estridente - e surpreendentemente calma. Calmaria preparou meu banho, tirou minha barba e gritou alto que eu estava engordando. Fez o meu suco preferido, me fez sentir em casa, na casa que eu chamo de corpo e da qual me afastava cada vez mais.
Calmaria pôs a mesa, a sortiu de tudo o que eu poderia imaginar, e sentou-se despretensiosa.
E, num estalar de dedos, moveu aquela nuvem cinza que teimava em ficar sobre minha casa, e colocou no lugar um céu de um azul radiante, com pássaros cantando ao longe e um campo verde rodeando cada centímetro que poderia ser visto no horizonte.
Calmaria chegou e eu comprei roupas novas pra ela - e pra mim também - , deixei ela bem à vontade, parei de cantar as músicas que ela não gosta e tenho feito de tudo para que ela não se mude.
Calmaria trouxe todos os seus documentos. Não me lembro bem se seu primeiro nome é Esperança, Alegria ou Perseverança, mas seu sobrenome certamente é Amor Divino, e ela tem me mostrado que sentar e olhar o campo faz, dentro de mim, muito mais do que eu esperava que fizesse.
Calmaria chegou, e fez morada.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Pelas buscas sem sucesso.


Meu nome não é pessimismo, nem ao menos foi um dia.
Também não costumo ser aquelas pessoas de alma nefasta que parecem a todo o tempo acompanhadas por uma nuvem negra.
Mas às vezes eu simplesmente não consigo me levantar.
E essa é uma das vezes.
Não é falta de sonhos, nem de objetivos.
Não falta coragem, não falta vontade, não falta competência.
Tenho de sobra caráter.
O que falta é algo sem denominação.
Falta preencher um vazio grande.
Falta oportunidade.

E essas ausências sucessivas doem, rasgam e corroem tudo por dentro.
É uma sensação horrível e desgastante de ir deixando os pedaços a cada parada pro almoço. Algo como perder um minuto de vida pra cada lágrima derramada, e não saber como fazer os olhos pararem de chorar - nem a alma.
Perdi de vista o Allan-palhaço, a boa companhia nas tardes de sábado, o que fazia todo mundo rir e aparentava nunca estar pra baixo.
Ando me acostumando - à força - com o Allan-mudo, aquele que passa e não é notado, aquele que some dos lugares que vai, e que rejeita ir a muitos outros lugares.
Allan-cansaço.
Cansado de recolher estilhaços de mim mesmo.
Cansado de me quebrar a cada tentativa de me consertar novamente.

Ando frio, como um inverno que nunca acaba.
E a todo momento caem mais pedaços enormes de gelo - banhos de água fria.

E cada dia mais me convenço de que não faço muita falta.
É o mundo dos robôs suprimindo as emoções.
É a lataria enferrujando.

É a eterna tristeza pelas buscas sem sucesso.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

40 coisas randômicas - II.

Segunda-feira.
Depois de um acontecimento muito foda na minha vida.
Resolvi escrever sobre 40 coisas que eu aprendi ou exercitei, nesse fim de semana.

1. Opostamente às coisas randômicas, existem as coisas rondônicas (não me pergunte o que são);
2. Quando estamos felizes, involuntariamente, despertamos a raiva das pessoas;
3. Uma rede armada é uma bagunça sem tamanho;
4. As energias boas e as más são transmitidas através de olhares;
5. O público da frente, em um grande show, não é muito agradável;
6. Não importa o quão bom eu tente ser, vou parecer que quero saber ou ser mais do que eu sei/sou;
7. A maré sobe muito rápido quando se está sozinho;
8. "A Distância", de Roberto Carlos, é uma linda música;
9. Não sou muito bom em procurar pessoas;
10. E não tenho muita sorte no "zero ou um';
11. Sou a impaciência ambulante quando se trata de lidar com adultos infantis;
12. Existem extra-terrestres nas rodoviárias, disfarçados de velhinhas simpáticas;
13. Não importa o quanto uma coisa é importante pra você, ela pode não representar nada pros outros;
14. Dois dias regados à frituras não fazem muito bem ao intestino;
15. Quando as pessoas sentem raiva de você, elas tentam se mostrar superiores;
16. O tempo não passa quando você está triste;
17. Não se pode escolher as pessoas com quem você viverá os melhores momentos da sua vida;
18. Não consigo terminar 50% das coisas que eu inicio;
19. Os celulares são robôs do mal programados para descarregar a bateria quando você mais precisa dela;
20. Existem pessoas que me conhecem e que eu simplesmente não lembro de ter visto na vida;
21. Existem pessoas que eu conheço e que não lembram de nunca ter me visto na vida;
22. É muito tocante ver alguém receber flores publicamente;
23. Pessoas irresponsáveis não se julgam assim;
24. Não é fácil aparecer em um vídeo, quando se quer aparecer nele;
25. Os assaltantes são mais inteligentes que os vendedores de refrigerante;
26. Um pedacinho de papel colorido picado pode representar mais do que se supõe.
27. Voltar pra casa não é tão bom, quando a "casa" não é a "casa" pra onde você realmente queria voltar;
28. Não é fácil encontrar Julia Dantas na internet;
29. É impossível encontrar minhas mãos entre 13 mil outras mãos;
30. 10 minutos é tempo demais;
31. O mar não me inspira tanto;
32. Eu não sou a pessoa mais irônica do mundo (e pra isso, um brinde);
33. Nem todas as ligações ficam salvas na memória do meu celular;
34. Um mesmo lugar, no mesmo momento, pode parecer o céu ou o inferno, dependendo da visão de cada um;
35. Elis Regina emociona;
36. Algumas pessoas mudam pra melhor quando bebem. Outras nunca deveriam beber;
37. Uma tarde muda tudo;
38. Moças das rodoviárias são tão legais quanto as aeromoças;
39. Odeio cobradoras de ônibus;
40. Quanto mais eu faço as coisas parecerem corretas, mais elas se entortam.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

40 coisas randômicas - I.

Esses dias eu soprava por aí e me deparei com uma idéia alheia que me inspirou profundamente a criar algo periódico aqui.
Sempre que der, virei e postarei sobre 40 coisas relacionadas a determinado assunto ou acontecimento, ou mesmo frases generalizadas.
E hoje começo com:

1. Sou vegetariano e odeio mortalmente as vacas.
2. Fico cheio de energias e pensamentos bons quando escuto Vanessa da Mata.
3. Me sinto estranhamente idiota por não saber nadar, mas só quando vejo muita gente nadando.
4. Adoro batom garoto de chocolate branco, embora engorde significativamente mais que o convencional.
5. Escolhi ser psicólogo mais pra resolver os meus problemas do que o dos outros.
6. Quando eu era criança colecionava tampas de desodorante spray.
7. As tenho guardadas até hoje.
8. Fico melancólico quando o tempo está nublado.
9. Tenho uma falha na sobrancelha, e logo acima dela eu tenho um sinal cheio de pelos.
10. Adoro trident de canela, e fico apertando ele contra a língua pra sentir o ardor do sabor.
11. Odeio queijo quente, mas adoro queijo gelado.
12. Fanta uva é meu refrigerante favorito, embora prefira suco de abacaxi com hortelã.
13. Minha risada é meio estridente.
14. Odeio meu cabelo e adoro meus bonés.
15. Tenho 4 fotos 3x4 na minha carteira: uma da minha mãe, duas minhas e uma da Rafaelly (melhor amiga).
16. Tenho um dólar lá também.
17. Não consigo dormir antes das 23:00.
18. Tenho muita raiva de gente omissa e/ou fria.
19. Sou carente, muito.
20. Não tenho necessidade de fazer sexo, pelo menos não muita.
21. Tenho 21 anos e queria ter 17.
22. Odeio forró, country, pagode, sertanejo, funk, rap, hip hop...
23. Adoro MPB.
24. 80% dos filmes que eu assisti e gostei eram dramas. Os outros 20% eram romances dramáticos.
25. Sou fascinado por all star, calça jeans e camiseta branca.
26. Nunca fui fã do Michael Jackson.
27. Tendo a parar de ouvir cantores que se tornam populares demais.
28. Adoro sentir frio.
29. Me apego fácil demais às pessoas.
30. 90% dos números da agenda do meu celular nunca foram discados.
31. Sou odiado por um bocado de gente, de verdade.
32. Tenho tendência a gostar de pessoas isoladas e desprezadas.
33. Não gosto do meu pai.
34. Amo minha mãe com toda a força que possuo.
35. Leio uns 3 livros por mês e, se pudesse, leria bem mais.
36. Não consigo tomar banho no silêncio.
37. Sou viciado em Big Brother Brasil e meu sonho é ser o primeiro eliminado de alguma edição.
38. Estudo francês porque não simpatizo muito com o inglês.
39. Já pensei em fazer tatuagem, usar piercing e até alargador. Não tive coragem.
40. Não consigo pronunciar Gossip Girl sem me enrolar inteiro.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

A desconhecida e o que ela faz em mim.

Eu sei que sou irremediavelmente anti-social.
Não preciso que me lembrem disso a todo o tempo e até gosto dessa situação. Não tenho pretensões ao milhão de amigos do Roberto e nem pretendo concorrer a cargos políticos, então sigo minha vidinha com pouca gente ao redor.
Mas de vez em quando acontecem coisas que mudam essa visão que eu tenho dos desconhecidos.
Há algumas semanas eu recebi uma mensagem de texto aqui no celular.
Eu até postaria ela aqui, se não tivesse excluído.
Era um desses textos manjados, facilmente encontrados em agendas de pré-adolescentes em busca da auto-afirmação.
No final do texto vinha a identificação da garota (também esqueci o nome dela) e também vinha o nome do destinatário (que não era eu).
Certamente ela errou na hora de digitar os números e plaft!, a mensagem veio parar aqui.
Essa e uma dezena de outras, que chegaram aos montes no decorrer dos dias.
A situação estava insuportável. O celular avisava umas 20 vezes por dia que havia chegado uma sms e eu cansava de excluir todas, sem nem ler direito.
Eu tentei ligar pra avisar de que não era eu o Marcos pra quem as mensagens eram direcionadas.
Fora de área, desligado, ocupado.
Desisti.
Semana passada essas mensagens pararam de chegar.
E de certa forma foi um choque pra mim não ouvir o aviso no celular, mesmo que eu ficasse revoltado de ter que excluir tudo, porque a caixa de entrada estava cheia e não caberia mais nada que realmente me interessasse.
Mas aquilo também me interessava, e só agora eu tinha percebido.
Dia 31 chegou uma, e essa eu li e não exclui.
"Neste novo ano que se aproxima que todos os seus sonhos se realizem, te trazendo toda a felicidade que você merece.Feliz Ano Novo!"
Isso chegou exatamente na hora em que eu precisava ler algo que me animasse.
Eu senti uma felicidade imensa quando li.
Talvez porque eu estivesse sentindo a falta da garota desconhecida e de seus votos de boa tarde, boa noite, bom dia, bom feriado, bom fim de semana...
Ou talvez porque, no fundo, eu gostaria profundamente que aquilo tudo fosse realmente destinado a mim.
Ontem chegou outra mensagem.
E eu vou deixá-la guardada aqui, comigo.
Quem sabe um dia eu até retribua alguma, ou tente ligar outra vez.
Não sei.
Só sei que me sinto estranhamente bem de ler cada palavra escrita pro Marcos e vinda por engano pra mim.
Obrigado, garota desconhecida.