sexta-feira, 24 de julho de 2009

Sobre palavras e sentimentos.

Nunca fui de sentir e não falar, até o silêncio me provar o quão eloquente é.
Entre as coisas ditas e não ditas há a grande vastidão das coisas sentidas. Estas, diga-se de passagem, são as minhas favoritas.
Mas nem sempre fui assim, nem sempre me contentei com os sentimentos e, como um bom geminiano, exigia a todo custo palavras.
Acontece que as palavras não bastaram!
Por qualquer coisa que fosse, as palavras sempre se dissolviam no ar, sempre eram ditas, ouvidas, e esquecidas.
E o mais importante : na maioria das vezes nunca foram sentidas.
De que adiantam fachadas deslumbrantes em botecos de quinta? Adiantam tanto quanto palavras sem sentimentos. Não adiantam.
Por mais motivador que seja, por mais que nos agrade ouvir e por mais belo e harmônico que se torne, o "dizer" nunca conseguirá atingir a magnitude e esplendor do "sentir". Nunca tocará tão fundo quanto um beijo ou um olhar. Dizer nunca, nunca será suficiente ou mais importante que ter, dentro de nós, a essência do sentir.
É o sentimento que nos fortalece, nos dignifica, nos torna o que somos. A arte ou dom (como queriam chamar) da palavra só nos torna mais sociáveis ou mais aceitos.
E definitivamente, ser aceito é o que menos preciso.
Eu preciso ser amado.
E cada vez mais admiro e me torno próximo do silêncio.
Silêncio que amadurece as idéias.
Silêncio que tudo cura, e tudo revela.
Entre palavras e sentimentos.
Eu fico com o silêncio.