sexta-feira, 26 de novembro de 2010

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A maioria das pessoas prefere se tornar apenas mais uma, simplesmente por medo de carregar o pesado fardo de ser única.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Um coração de plástico, com gelo.

Eu quero um coração novo.
Um diferente do meu.
Não quero que ele seja de carne e nem que esteja ligado ao cérebro.
Não quero adrenalina descarregada e batidas fortíssimas ao pensar em qualquer pessoa que seja e nem pretendo que ele envie ondas ao meu estômago que me causem tontura ao lembrar dos momentos felizes que tive, aqueles que ficam imediatamente antes das decepções.

Eu quero um coração novinho em folha.
Inquebrável, impermeável e, principalmente, frio.
Tô ficando cansado de corações de manteiga, derretidos quase sempre e doces demais pra esse mundo descartável.
É isso.
Preciso mesmo é de um coração de plástico.
Que resista às chuvas, que demore séculos para se degradar e que sirva direitinho no espaço enorme que esse de carne humana ocupa.
Ele até pode ser maleável, mas nunca corruptível, pode ser qualquer plástico vagabundo até.
Não me importa se ele incomodar um pouco, de vez em quando, ou se de repente eu esquecer que ele existe. Me importa muito é que eu vou esquecer que esse existe.

E vou procurar até encontrar.
Se preciso comprarei, irei até o Robert Ray e ele colocará, sem problemas pós-cirúrgicos, meu novo coração plastificado.
E me deixará ali, descansando enquanto penso no sofrimento que não precisarei passar.

Preciso de um coração de plástico, urgente.



sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Plenitude.

Hoje parei pra pensar, sem pressa nenhuma.
Pensei em quanto tempo é preciso para que um ser se torne pleno, em quantos sorrisos uma pessoa precisa acumular para poder dizer que é feliz.
Pensei em quantos "nãos" se precisa ouvir para entender que um dia o "sim" virá, e em quantos caminhões carregados de tangerina precisamos esbarrar para enfim achar a metade que procuramos, a metade da tangerina. (Não gosto muito de laranjas!).
E, assustadoramente, me deparei comigo mesmo, com o que me tornei.
Uma espécie de busca dentro de mim mesmo que me fez ver, mesmo relutante, que eu simplesmente tenho tudo o que eu preciso pra me tornar completo, pleno.
Me deparei com um garoto de olhos redondos, parado na porta, olhando pra dentro e querendo entrar.
E eu o deixei entrar.
Me deparei com muitos jardins, com flores silvestres e ervas daninhas e percebi que a beleza dos lírios e copos-de-leite me daria toda a coragem que eu precisava para arrancar as bromélias carnívoras do caminho, e limpar a passagem.
Pensei em como tudo muda em poucos meses. Em como velhos amigos retornam e nos fazem acreditar na filosofia de que "amigos verdadeiros nunca deixam de ser amigos".
Imaginei o calor de mãos e a firmeza de abraços.

Ouvi perfeitamente vozes nunca esquecidas e passou frente à mim um leque de sorrisos, cada qual com sua particularidade: dentes amarelados, olhos fechadinhos, buraquinho nas bochechas...

Fechei os olhos e era como se eu os tivesse aberto o máximo que poderia.
Vi o quanto tenho que agradecer pelas pessoas, sorrisos e olhares que Deus colocou especialmente para mim.
E o quanto é bom tê-los, do outro lado da esquina, ou do outro lado do mundo.

Me vi sentado num caes,rodeado de todas as pessoas que amo e sorri, quando vi que elas simplesmente não caberiam na praia.
E vi uma borboleta branca voar desajeitadamente até pousar no meu destino e me fazer arrepiar.

Imaginei todas essas coisas como se fossem sonhos distantes, um dia.
E agora parece que tudo sempre foi meu, com a leveza e maravilha que representam.

Conquistei uma felicidade enorme.
Atingi a plenitude.