quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Sonhos de papel machê.



"(...)nada vai desbotar. Brinquedo de papel machê."
João Bosco


Um ano acabando.
Início de uma nova jornada. Novos planos, novas conquistas, vida nova talvez.
Muitos rabiscos de declarações que nunca foram feitas por falta de coragem; muitas dietas de emagrecimento a curto prazo; muita esperança brilhando no olho.
Certamente o mundo seria melhor se todos carregássemos conosco esse quê de despedida, essa vontade enorme de sentir e de se sentir.
Hoje várias listas estão sendo feitas.
Pedidos pra santos diversos.
Orações, promessas.
Um turbilhão de pensamentos bons e sorrisos escancarados.
Muita comemoração.
Eu também tenho feito minhas listas, de cabeça. Listas do que há de vir e do que já foi.
Em 2010 eu chorei muito. Chorei de alegria e de tristeza.
Desejei desesperadamente estar do lado de pessoas que estavam longe.
Quis abraçar minha mãe e ser tratado como uma criança. E quis tomar atitudes maduras e severas também.
Aprendi a diferença entre thriller e terror.
Conheci uma humanidade que eu não esperava. Gente sem água encanada, sem esgoto, sem energia elétrica. Sem comida.
Convivi com pessoas fantásticas por curto tempo, até que elas simplesmente voaram. E nem por isso deixaram de ser maravilhosas.
Lembrei de amigos antigos que não são mais amigos.
Do cara ruivo, da menina do nome original.
Voltei a conviver com amigos antigos e amores eternos.
Em 2010 eu aprendi que amor não nasce quando a gente quer.
Decepcionei gente que me amava e pensei ter descoberto a cura pro coração partido.
Até que os pedaços aumentaram.
Estive com eles e elas.
Estive sozinho também.
E hoje estou com uma sensação maravilhosa de dever cumprido.
E com planos, objetivos e sonhos de papel machê colorido.
Olhando as estrelas e pedindo ao tempo, como sempre faço.
Pedindo ao tempo, e a Deus.
Que esse novo ano traga tudo o que me falta, sem levar o que eu já tenho.
Feliz Ano Novo.




quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Então, é Natal!





Galos cantam ao fundo.
É o anuncio de um novo dia.
Não um dia comum de céu nublado e ruas desertas.
Um dia especial.
Hoje não estou onde eu quero, com quem eu quero ou fazendo o que eu quero.
Minha unica companhia sou eu mesmo, e meu computador.
Mas, de algum jeito, uma felicidade enorme me invade, um sentimento que só é possível ser sentido nessas datas de fim de ano.
Talvez porque o fim de alguma coisa faça as pessoas pensarem em como estão agindo.
Não sei o que acontece, mas sei que estou feliz.
Claro que, se eu pudesse escolher, estaria reunido com minha família, meus amigos e todas as demais pessoas de todos os natais.
Mas não, eu não posso.
Mas essa solidão não tem nada a ver com sentimentos.
Tem a ver com as coisas que os homens criam e precisam manter, como ganho de notinhas azuis.
Os sentimentos são multicoloridos e imortais.
E, nesse Natal, embora eu não possa estar reunido com todos, cada um deles está reunido dentro de mim com uma força sem tamanho.
Cada sorriso, cada beijo acompanhado por um "Feliz Natal", cada lembrança.
Tudo amontoado no coração.
Lembranças de natais passados me fazem perceber o quanto as coisas mudam, mas ao mesmo tempo o quanto os sentimentos se fortalecem quando são reais.
E é disso que trata o Natal.
Não é preciso estar perto sempre, basta estar eternamente dentro.
Como Deus está dentro de cada um de nós.
E Seu filho, de quem esta data é relativa, também.
Espero que todos lembrem daquele velho significado do Natal.
E amem as pessoas acima das coisas.
Feliz Natal mãe, Rafaelly, Raffah, Isis, Luiza, Lorena, Andressa, Rodox, Amanda, Jessica, Victor, Karine, Guilherme, Thais, Lucas, Rhadassa, família toda, tia Dadá, Fábio,todo o povo dos jogos da net. Amo muito vocês.
Feliz Natal, mundo.


quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Quando elas não mais se derramam.

Nunca pensei em um dia dizer isso e ontem mesmo jurei ser o contrário.
Não é fácil, pra quem condena os homens-robôs, admitir que suas lágrimas secaram.
Mas eu simplesmente não sei porque não as derramo agora, porque não me satisfaço mais sentindo-as escorrer dos meus olhos castanho-claros e descer até que desapareçam.
É insuportável admitir que finalmente estou sendo mais forte do que eu pensava, e temia.

A questão vai além de eu me tornar maduro ou alguma coisa que englobe a falta de lágrimas derramadas.
A questão é que pra que um redemoinho exista, o vento tem que estar acompanhado de terra, de grãos que ardem nos olhos.
Eu não me acostumei ainda a não chorar.

Faz pouco tempo.
Alguém me disse que talvez eu precisasse, por alguns invernos gelados, me tornar um homem-robô, daqueles daqui mesmo, terráqueos.
E eu, rapidamente, rejeitei a idéia.
Mas pensei e descobri que eu estava saindo de Marte, com pouca gasolina.
Passagem de ida pra Terra, com medo de não voltar.

E os motivos, desconheço.
Talvez seja insuficiência de amor.
Talvez não tenha sido amor.
Ou talvez as minhas glândulas lacrimais estejam com algum tipo de defeito por uso repetitivo e/ou entraram em greve, cansadas.

Eu quero desesperadamente encontrar hipóteses que me afastem da possibilidade de ter me tornado robô.

Não, eu não prefiro sofrer, longe disso.
Mas eu não quero acabar como muitos, que se encharcam de decepções e passam a destruir o poder de sentir dos outros.
Não quero ser aquele cara chato que fecha a porta quando o vento bate e se recosta na sua poltrona cheia de ácaros e vê o futebol de domingo.

Eu quero é abrir as portas e tentar até que as tentativas se esgotem, e surjam novas tentativas.
Eu quero uma infinidade de sentimentos, mesmo que eles me tragam lágrimas.
Eu quero sentir, e sentir eternamente.
Porque não sou feito de lata.
Embora eu ainda deseje um coração de plástico.


domingo, 5 de dezembro de 2010

Burguesinha

À Rafaella Toledo


Muitos dizem que almas gêmeas não existem.
Muitos não acreditam em conspiração do destino.
Mas eu posso dizer que ambos existem e me fizeram encontrar uma pessoa que eu procurava incansável em todos os lugares por onde passava.
Podia ser um chat como outro qualquer, onde pessoas se reúnem por afinidades quaisquer, trocam meia dúzia de palavras mais ou menos fundamentadas e se despedem, e vão viver suas vidas como antes.
Não foi.
Dentre todas aquelas pessoas, de lugares diversos e gostos duvidosos, de olhares desconhecidos e amores inventados, havia uma especial.
Uma que me fazia sorrir até doer a barriga.
Era lourinha, carioca e ouvia Marjorie.
E me encatava, muito.

Começamos uma amizade/amor que eu não consigo explicar, mesmo hoje, depois de tanto tempo.
Iniciamos uma espécie de amor sem contrato, sem "poréns" nem "contudos", sem ninguém ter que fazer nada.
Percebemos que um tinha mais do outro do que podíamos supor, que gostávamos das mesmas coisas, que adorávamos suco de uva, mas que um suquinho de maçã também não poderia ser desprezado.

E como tempo é uma grandeza que se mede em experiências, tivemos que nos distanciar pra saber o quanto amávamos e precisávamos um do outro.
E descobrimos que éramos indispensáveis para nossa felicidade.

Não tenho como descrever o que eu sinto quando ela me diz as coisas lindas que só ela sabe e que só ela sente, quando me ajuda a domesticar meus medos e enfrentar meus fantasmas, quando me faz sorrir, mesmo que só com o canto da boca, quando na verdade eu queria desabar em prantos.
Não há como me descrever, sem citar o que eu sou quando estou com ela.
Eu me torno mais forte, mais feliz, mais eu.
Ela me deixa em casa, e eu posso colocar os pés no centro e derramar pipoca no chão, que não há problema.
E eu posso perguntar, sem cerimônia nenhuma, coisas absurdas.
Me sinto totalmente livre, sem amarras.

E conheço cada centímetro do coração dela.
E ela do meu.

Nossos planos acompanham nossa eterna parceria.
Cinemas, shows, conversas jogadas fora na praia, carnaval fervilhante ao som de Cláudia Leite, visita obrigatória à pirâmide da Dercy Gonçalves...
Tudo isso vai acontecer em seu tempo, porque ela e eu temos todo o tempo do mundo.

E nada, nada vai ser esquecido.

Nem os sorrisos divididos e multiplicados.
Nem as lágrimas que ela derramou ao receber minhas cartas.
Nem a banana que eu tatuei com o nome dela.
Nem as lágrimas que eu derramei ao receber suas cartas.
Nenhum momento será deixado pra trás, porque seria como se eu deixasse um pedaço meu pelo caminho.

Minha burguesinha, minha adorável pedra preciosa.
A pessoa que mais está apta a ser mãe de filhos meus.
E que será.

Minha eterna Raffah.
Eu te amo.



sábado, 4 de dezembro de 2010

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Levanta-te, sol.
E venha provar que nenhuma escuridão é eterna.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Meu porto seguro.

À Mazé Ricarte


Fazem 21 anos, quase 22.
Eu não fazia a mínima idéia do que acontecia naquele quarto meio claro, meio escuro, com todas aquelas pessoas em volta, umas sorrindo, com a sensação de dever cumprido, outras chorando de felicidade.
Pra ser sincero, eu nem lembro que nada disso tenha ocorrido.
Mas alguém me disse que foi assim, que eu não causei muita dor e chorei imediatamente ao aparecer (há duvidas quanto a isso, talvez eu tenha chorado antes mesmo de aparecer).
Eu chorava, mesmo que sem motivos, pela primeira vez. E esse alguém estava lá.
À medida que os primeiros dias passavam, eu devorava litros de leite, segundo esse alguém. Devorava como um animal faminto e deixava-a exausta.
Dormir, é claro, era tarefa difícil para ela, já que eu sempre estava disposto a comer, e comer, e quem sabe comer mais um pouco.
E, nas noites em claro, ela estava lá.
O tempo trouxe comidas novas e eu fui enjoando do leite e me encantando por bolinhos disso, tortinhas daquilo e umas papinhas que eu nem lembro mais o gosto.
E fui fazendo-a substituir as noites em claro pelos dias cansativos, correndo de um lado pro outro atrás de uma bolinha branca e redonda (era eu) que não parava um só instante.
Eu caia demais e, pra me levantar, ela estava lá.
Eu aprendi a falar, a andar sem cair, a ler. Tudo porque ela estava lá.
E ela esteve lá quando eu não consegui aprender a andar de bicicleta, e esteve quando eu não aprendi a nadar também.
Estava sempre por perto quando eu tinha duvidas do português primário da 3ª série e parecia segurar a impaciência com toda a força que tinha, quando eu era insensato demais pra perceber os erros cometidos de novo.
Meus erros pareciam perfeitos. Pois ela sempre esteve lá.

E, como seria natural, eu fui crescendo e parando de causar aquelas velhas preocupações infantis.
Eu tinha preocupações pré-adolescentes demais para presenteá-la.
E ela teve que deixar de estar, por algum tempo, pra sanar os problemas que o destino trouxe.
E eu percebi que, mesmo distante, ela continuava estando ali.

É mágico demais pra ser entendido esse desprendimento voluntário, essa vontade de viver pro outro, essa doação inteira.
Ela sempre foi mágica pra mim.
A ausência dela me fez ver o quanto ela significava e o quanto ela e eu somos um só, como caminhamos juntos e servimos de apoio um ao outro - ela me apoia muito mais que eu a ela, claro.

E aprendi tanta coisa, que nenhuma escola ensinaria.
Aprendi, com ela, que sonhos e planos se distinguem muito.
Através das experiências dela, eu sei que a vida não reserva contos de Alice no país das maravilhas, mas que eu posso escrever minha própria estória, e sonhar meus sonhos, e construir meus planos.
Aprendi graças a essa pessoa iluminada e maravilhosa, que mesmo que se esteja limpando vidraças, se eu limpar muito bem essas vidraças, amanhã poderei liderar uma equipe.
Aprendi a vencer e a perder, com ela.
Aprendi a amar.

E pode ser que eu não seja grande pessoa e que não tenha as qualidades maiores do mundo.
Pode ser que eu tenha os piores defeitos do mundo.
Mas eu estou certo de que o melhor que há em mim, foi ela que construiu.
O amor ao ser humano, a dignidade e a imortal esperança.

E a cada dia, eu quero viver o suficiente para fazer por ela, tudo o que ela fez, e faz, por mim.
Porque ela é meu ponto de chegada, meu porto seguro.
E eu a amo, com tudo o que posso.
Minha amiga, companheira.
Minha mãe.