Foi de supetão.
De repente estávamos lá, e parecia que ninguém mais estava...
O plano de fundo foi ficando opaco e sem movimento, como nos filmes, e nossa imagem sobressaiu-se em meio aquele aglomerado de gente apressada, num vai-e-vem de boas-vindas e adeus, com pacotes de malas e olhares frios...
Alguma coisa ali começava a esquentar.
E não eram as "guloseimas" embebidas em óleo que certa mulher antipática anunciava irritantemente.
O que ferviam eram as emoções.
Emoções de quem encontra, por acaso e sorte, alguém que traz consigo tudo aquilo que figura nos sonhos e que dificilmente sai deles, alguém cujos beijos, embora apressados pra se despedirm, marcaram como tatuagem.
Um alguém especial de quem só o nome era conhecido.
Mas talvez esse não tenha sido só mais um encontro casual entre duas pessoas quaisquer, escolhidas aleatoriamente pelo destino.
Talvez a tal felicidade tenha mesmo surgido, embora para mim seja muito dificil assimilar essa ideia.
Talvez esse seja o bolo confeitado com cereja em cima mais delicioso que já experimentei na vida e, certamente, não me arrependerei de ter deixado uma fatia bem grande pra quando a festa acabar...
E torço pra que a festa nunca acabe.
Torço pra que esse doce gosto que guardei comigo nunca saia de mim e pra que a pressa daquele encontro se transforme na plenitude de sonhos conjuntos.
E que nunca esfrie a chama.
Porque há coisas que vêm e passam.
E há coisas, poucas coisas, que eu insisto em conservar comigo.
Pra que se tornem eternas.
segunda-feira, 23 de agosto de 2010
Das dores que cessam
Nada mais que uma dor
Súbita, quase mortal
De sentir cortar a alma
Fim do doce, sobra o sal
Por azar, não há remédio
Não há fulga, não há nãos
É quando os olhos transbordam
E brota o suor das mãos
E treme toda a rocha
Que se teima em içar
Desmorona a fortaleza
Incendeia todo o mar
E de tão tenra, calada
Não pulsa, não se anuncia
Trazendo bem sorrateira
O que, de veras, se temia
E abre, algoz, a ferida
E machuca, sem pudor
Transformando a calmaria
Num eco perturbador
Depois cuida, carinhosa
Daquilo que fez ferir
E cura a velha ferida
Pra fazer outra se abrir.
Allan Ricarte
Súbita, quase mortal
De sentir cortar a alma
Fim do doce, sobra o sal
Por azar, não há remédio
Não há fulga, não há nãos
É quando os olhos transbordam
E brota o suor das mãos
E treme toda a rocha
Que se teima em içar
Desmorona a fortaleza
Incendeia todo o mar
E de tão tenra, calada
Não pulsa, não se anuncia
Trazendo bem sorrateira
O que, de veras, se temia
E abre, algoz, a ferida
E machuca, sem pudor
Transformando a calmaria
Num eco perturbador
Depois cuida, carinhosa
Daquilo que fez ferir
E cura a velha ferida
Pra fazer outra se abrir.
Allan Ricarte
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