segunda-feira, 25 de julho de 2011

O brilho que não se apaga.

Em memória de Amy Jade Winehouse



O que, na vida, é mais difícil?
Passar todo o tempo fingindo ser uma coisa que não é, camuflando sentimentos, medindo rigorosamente cada passo dado ou entregar-se para aquilo que o coração mandar, seguir a própria vontade e arcar com as consequências de ser uma pessoa corajosa?
Pra falar a verdade eu não tenho propriedade pra dissertar ou defender teses sobre o que é fácil fazer.
Mas existem pessoas que nascem e nos ensinam absurdamente a ser quem somos.
Não que eu tenha sido um fanático por ela, nunca sequer fui a um show seu. Porém, é difícil saber de uma história sem trazer pra si o que de mais belo há nela.
Amy teve os sonhos mais absurdos, os desejos mais escuros e as experiências mais repudiáveis;
Foi odiada, apedrejada, perseguida, julgada. Condenada.
Sentiu o amargor da desilusão, aquele que no fundo todos nós sentimos e fingimos passar, mas que sempre machuca a cada feriado prolongado ou manhã chuvosa.
Amy fez muita coisa que eu nunca faria.
E mesmo assim, de alguma forma, me orgulho dela.
Porque ela amou, e se permitiu sentir as delicias e dores das suas escolhas.
Amy foi intensamente doce e maquiava os olhos pra disfarçar as lágrimas, mesmo naqueles olhos transparentes de se ver a alma.
Usou e abusou de artifícios, visando unicamente chamar atenção pra qualquer coisa que não fosse sua melancolia quase gritante.
Amy foi mais vítima que algoz.
E, todos aqueles que a maldisseram deviam, pelo menos, encarar seu bêbado, seu drogado interior. Aquele que grita para que façamos o que nos faz feliz e que deixamos de lado pra ouvir o bom senso.
Bom senso nem sempre é bom.

Hoje eu queria deixar o meu pesar diante da morte dessa estrela de voz marcante, letra original e melodia encantadora.
Cordeiro em pele de lobo.
Queria dizer que talvez, só talvez, se as pessoas a tivessem valorizado da forma que merecia, ela hoje estivesse bem, estivesse feliz.
Espero que onde quer que esteja, a paz habite em Amy Winehouse.

Porque, mesmo roubando copos de bebida, perdendo dentes, sendo fotografada em situações depreciáveis e envergonhando a "sociedade", ela teve a coragem de mostrar-se, deu a cara à tapa e superou muita gente "politicamente correta" que vive se anulando mundo afora.
Porque, mesmo adepta de hábitos não-saudáveis e auto-depreciativos, ela soube plantar coisas boas no coração de muitos.
Porque, mesmo sofrendo o que sofreu, ela nunca deixou de amar.
Porque ela sempre teve a ousadia de ser ela mesma.

Vai com Deus, Amy.


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