quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Um coração de plástico, com gelo.

Eu quero um coração novo.
Um diferente do meu.
Não quero que ele seja de carne e nem que esteja ligado ao cérebro.
Não quero adrenalina descarregada e batidas fortíssimas ao pensar em qualquer pessoa que seja e nem pretendo que ele envie ondas ao meu estômago que me causem tontura ao lembrar dos momentos felizes que tive, aqueles que ficam imediatamente antes das decepções.

Eu quero um coração novinho em folha.
Inquebrável, impermeável e, principalmente, frio.
Tô ficando cansado de corações de manteiga, derretidos quase sempre e doces demais pra esse mundo descartável.
É isso.
Preciso mesmo é de um coração de plástico.
Que resista às chuvas, que demore séculos para se degradar e que sirva direitinho no espaço enorme que esse de carne humana ocupa.
Ele até pode ser maleável, mas nunca corruptível, pode ser qualquer plástico vagabundo até.
Não me importa se ele incomodar um pouco, de vez em quando, ou se de repente eu esquecer que ele existe. Me importa muito é que eu vou esquecer que esse existe.

E vou procurar até encontrar.
Se preciso comprarei, irei até o Robert Ray e ele colocará, sem problemas pós-cirúrgicos, meu novo coração plastificado.
E me deixará ali, descansando enquanto penso no sofrimento que não precisarei passar.

Preciso de um coração de plástico, urgente.



3 comentários:

Marcio Ornelas disse...

Muito legal o post de ótima sensibilide!

Gabriele Santos disse...

se já tem bunda, seios, boca e tudo mais pq não um coração de plático??
parabéns muito bem elaborado o texto.
Sucesso

Unknown disse...

Sensível e com uma boa linguagem..
Gostei da criatividade!

;D