quarta-feira, 4 de maio de 2011

Fênix ou De volta ao campo do sonho bom


Como depois de toda tempestade vem a calmaria, comigo não poderia ser diferente.
Calmaria chegou, abriu as janelas, deixou o ar entrar. Tirou todas os pacotes de comida em conserva que deixei sobre a mesinha do centro, limpou o pó do carpete.
Calmaria desligou a TV, colocou uma música (não me lembro muito bem se era um jazz ou uma lambada), sacudiu os quadris e foi fazer um café.
Eu não me lembro de ter a convidado pra passar uns dias comigo, mas a Calmaria tem alguma coisa daquela tia distante, que aparece sem ser convidada e enche a casa com sua voz estridente - e surpreendentemente calma. Calmaria preparou meu banho, tirou minha barba e gritou alto que eu estava engordando. Fez o meu suco preferido, me fez sentir em casa, na casa que eu chamo de corpo e da qual me afastava cada vez mais.
Calmaria pôs a mesa, a sortiu de tudo o que eu poderia imaginar, e sentou-se despretensiosa.
E, num estalar de dedos, moveu aquela nuvem cinza que teimava em ficar sobre minha casa, e colocou no lugar um céu de um azul radiante, com pássaros cantando ao longe e um campo verde rodeando cada centímetro que poderia ser visto no horizonte.
Calmaria chegou e eu comprei roupas novas pra ela - e pra mim também - , deixei ela bem à vontade, parei de cantar as músicas que ela não gosta e tenho feito de tudo para que ela não se mude.
Calmaria trouxe todos os seus documentos. Não me lembro bem se seu primeiro nome é Esperança, Alegria ou Perseverança, mas seu sobrenome certamente é Amor Divino, e ela tem me mostrado que sentar e olhar o campo faz, dentro de mim, muito mais do que eu esperava que fizesse.
Calmaria chegou, e fez morada.

3 comentários:

Fernanda Maria disse...

Estamos sempre em mutação, algumas são fortes e podem derrubar tudo. Outras são como uma brisa. Mas o fato é que sempre estamos passando por algo.

http://fernandaamylice.blogspot.com/

Sarinha Silva disse...

Adorei *-*

paradigmas universal disse...

metarmofoses ambulantes