segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Zé Ninguém

Zé foi ninguém e ninguém quis ser Zé,nem ao menos por um dia.Mas todo mundo sempre insistiu em dizer que Zé era alguém,alguém com um quê de circunspecto,mas com uma certa displicência que teimava em aflorar.
Zé oscilou,num curto espaço de tempo,de mocinho a vilão (visto dos olhos dos "justos").
Zé sempre foi Zé e ninguém conseguiu ir além.Sempre julgado e condenado sem ao menos ser preso,Zé foi caindo e levantando, e caindo, e levantando e levantando e levantando.Zé nunca se privou de sofrer,mas também nunca deixou a poeira baixar.Pois incomodar foi típico de Zé,e quem quisesse que duvidasse da capacidade e sinceridade dele,mas ninguém nunca conseguiu ser mais coeso e coerente do que Zé,Zé Ninguém.
Zé chorou,mas nunca provocou choro,não choro desmerecido.
Zé sorriu e fez sorrir.
Zé apareceu,marcou,e sumiu.Como todo Zé Ninguém cometa,que some.
Antes sumir que sofrer mais.
Zé foi chamado de mentiroso,de exagerado.Quando Zé nunca mentiu.
Sempre é cômodo acreditar no que se quer.Zé não era assim.
Zé era ninguém perto dos outros maiorais,aqueles que ficam no painel de controle só apertando botões e movimentando robôs...aqueles maiorais que conduzem o barco da forma que bem entendem,e que quando a maré tá alta e periga um naufrágio,jogam todo o peso dos outros fora para livrar sua índole podre abafada com litros de perfume francês.


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E um dia Zé cansou de ser ninguém e se tornou alguém de valor pra ele mesmo,e ai Zé começou a ver que a pessoa mais importante da vida dele era ele próprio,e que não importa se o chamariam de egoista,de auto-centrado ao extremo,ou até de hipócrita.Antes fazer e ser julgado,que ser condenado por aquilo que nunca se fez.
E agora o Zé é um cara de boa,que responde "bons-dia",mas que nunca os deseja primeiro,que apenas retribui abraços, que perdeu muitos sonhos (sonhos são apenas sonhos),que aprendeu a se valorizar e que tornou-se feliz!


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Allan Diego Zé Ricarte de Araújo Ninguém.
Um Zé Ninguém sem o qual eu nunca conseguiria viver.

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